APENAS 9
DOS TRADERS CONTATADOS RESPONDERAM À PESQUISA
Mais da metade dos 22 traders abordados não respondeu à pesquisa.
Mais da metade dos 22 traders abordados não respondeu à pesquisa.
Os 9 entrevistados representam 52% das exportações globais de soja.
Até mesmo a empresa que melhor pontuou tem muito trabalho a fazer para ficar em conformidade com as melhores práticas definidas pela iniciativa do Accountability Framework.
Os 22 traders avaliados neste scorecard foram escolhidos para inclusão com base em sua exposição potencial ao risco de desmatamento e conversão. Essa exposição foi medida pelos volumes estimados de soja exportados por eles dos principais países produtores - Brasil, EUA, Argentina e Paraguai - assim como por estimativas da plataforma trase.earth do risco de desmatamento dessas áreas, ligado à soja.
Nenhum dos traders avaliados está mostrando liderança no combate ao desmatamento, conversão e violação dos direitos humanos nas cadeias de suprimento de soja. Há espaço substancial para o progresso de todos, em todas as áreas prioritárias cobertas neste levantamento. Este scorecard não revela um grupo líder de traders de soja que seja capaz de garantir cadeias de suprimento de soja sustentáveis.
Os traders de soja representam um gargalo crucial onde são necessárias medidas ambiciosas. Os traders avaliados representam 69% das exportações globais de soja. Devido ao nível de concentração nesse estágio da cadeia de suprimentos, as empresas de trading apresentadas neste scorecard têm a capacidade de conduzir prontamente mudanças em grande escala em toda a indústria da soja, aumentando coletivamente a ambição de seus compromissos e de seus planos de implementação.
QUE RESPONDERAM À PESQUISA DECLARARAM TER ASSUMIDO UM COMPROMISSO COM A SOJA LIVRE DE DESMATAMENTO OU CONVERSÃO, E O MESMO NÚMERO DECLAROU TER O COMPROMISSO DE RESPEITAR TODOS OS DIREITOS HUMANOS.
DESMATAMENTO é a perda de floresta natural como resultado da mudança da floresta para uso agrícola ou não florestal, incluindo plantações, ou como resultado da degradação grave ou sustentada do ecossistema florestal
CONVERSÃO é a mudança de qualquer ecossistema natural (incluindo florestas, mas também estendendo-se a outros ecossistemas como savanas, campos naturais e pântanos) para outro uso da terra, ou uma mudança significativa na composição, estrutura ou função de espécies do ecossistema.
Assim como as florestas, outros ecossistemas naturais são essenciais para o armazenamento do carbono, proteção da biodiversidade, suprimento de água, mitigação de perigos naturais, adaptação às mudanças climáticas e manutenção do bem-estar dos povos indígenas e comunidades locais. Ecossistemas não florestais essenciais como o Cerrado, o Gran Chaco e as Grandes Planícies do Norte estão sob alto risco de conversão para produção de soja.
Embora a maior parte dos traders entrevistados tenha um compromisso com a soja livre de desmatamento, a maioria falha ao aplicá-lo em todas as suas operações, fornecedores e regiões de abastecimento.
Como resultado, o compromisso dessas empresas não cobre volumes significativos de soja manuseados por elas, fazendo com que habitats importantes fiquem sob alto risco de conversão.
ENTREVISTADOS ASSUMIRAM UM COMPROMISSO COM A SOJA LIVRE DE CONVERSÃO, MAS 3 INCLUÍRAM APENAS O DESMATAMENTO NESSE COMPROMISSO.
QUE ASSUMIRAM COMPROMISSO COM A SOJA LIVRE DE DESMATAMENTO PERDERAM PONTOS POR LIMITAÇÕES DE ESCOPO - O QUE SIGNIFICA QUE ESSE COMPROMISSO NÃO SE APLICAVA A TODAS AS SUAS OPERAÇÕES, REGIÕES DE ORIGEM E/OU FORNECEDORES INDIRETOS.
A DATA DE CORTE é a data de referência após a qual as commodities produzidas em áreas recém-convertidas não cumprem com um compromisso de desmatamento ou conversão zero.
O PRAZO é a data em que a empresa pretende ter cumprido integralmente seu compromisso.
É possível implementar uma data de corte para 2020 para outros biomas além da Amazônia. Em janeiro de 2021, três traders brasileiros que fornecem soja para a indústria de salmão, CJ Selecta, Caramuru e Imcopa/Cervejaria Petrópolis, se comprometeram a implementar uma cadeia de valor de soja 100% livre de desmatamento e conversão, tendo 2020 como data de corte.
Atualmente, os traders estão deixando que ecossistemas críticos fiquem vulneráveis à conversão. Embora a manutenção da Moratória da Soja na Amazônia seja vital, a expansão desses esforços para outros biomas como o Cerrado, o Gran Chaco e as Grandes Planícies será fundamental nos esforços para interromper a conversão impulsionada pela soja.
Não basta assumir um compromisso com a soja livre de desmatamento ou conversão sem definir um prazo final claro após o qual a empresa não mais se abastecerá de fornecedores que cultivam soja em terras recentemente desmatadas.
Os traders não estão reconhecendo a urgência para assegurar que a soja seja livre de desmatamento e conversão. A maioria dos traders com compromissos não tinha um prazo para cumpri-los, ou seja, eles não tinham uma meta com limite temporal para a qual trabalhar. Dos três traders que tinham um prazo, nenhum se comprometeu a alcançá-lo antes de 2025.
Apenas um definiu marcos intermediários para trabalhar entre o momento atual e seu prazo futuro.
DATAS DE CORTE ALÉM DA AMAZÔNIA
MORATÓRIA DA SOJA NA AMAZÔNIA
Os traders precisam ampliar seus esforços de rastreabilidade para a totalidade de seus volumes a fim de verificar a conformidade com os compromissos de desmatamento e conversão zero. Embora a rastreabilidade por si só não garanta sustentabilidade, ao saber onde e como os produtos são produzidos em suas cadeias de suprimentos, as empresas podem avaliar melhor os impactos e fornecer suporte para melhorá-los.
TRADERS ASSUMIRAM UM COMPROMISSO DE RASTREAR PARTE DE SUA SOJA ATÉ A FAZENDA
Embora os traders tomem medidas para resolver essas questões em sua base direta de abastecimento, se seus fornecedores não aplicarem os mesmos padrões em todas as suas operações, os traders não podem alegar que a soja seja livre de desmatamento, conversão ou violação dos direitos humanos.
Os traders precisam garantir que tais padrões sejam aplicados em nível de grupo nas operações de seus fornecedores para cumprir de fato seus compromissos.
Isso não deve se aplicar apenas às propriedades das quais o trader se abastece - mas a todas as propriedades dos fornecedores. Esses padrões devem ser aplicados a todas as commodities manuseadas pelo fornecedor, não apenas à soja. Isso é particularmente importante no caso da soja, uma vez que esta geralmente não é plantada imediatamente após o desmatamento ou conversão.
NENHUM TRADER EXIGIU QUE SEUS FORNECEDORES ATUASSEM LIVRES DE DESMATAMENTO, CONVERSÃO OU VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS, O QUE SIGNIFICA QUE NÃO PODEM ALEGAR QUE SUA PRÓPRIA SOJA ESTEJA LIVRE DESSES PROBLEMAS.
Os traders de soja precisam estender seus esforços de rastreabilidade a seus fornecedores indiretos e estabelecer sistemas de controle robustos para garantir que os volumes produzidos por esses fornecedores indiretos não estejam ligados ao desmatamento, conversão ou violação de direitos humanos.
Os esforços para monitoramento dos fornecedores devem ser ampliados de modo a englobar todos os fornecedores diretos e indiretos. O monitoramento deve ser feito pelo menos trimestralmente e os resultados devem ser verificados de forma independente.
DOS 8 TRADERS COM O COMPROMISSO DE RASTREAR SUA SOJA ATÉ A FAZENDA, 4 NÃO ESTENDERAM ISSO A SEUS FORNECEDORES INDIRETOS.
APENAS 6 SE COMPROMETERAM A MONITORAR SEUS FORNECEDORES INDIRETOS QUANTO AO CUMPRIMENTO DE SEUS COMPROMISSOS REFERENTES AO DESMATAMENTO.
APENAS 2 TRADERS DECLARARAM MONITORAMENTO ANUAL DAS FAZENDAS DE ORIGEM DE SEUS INTERMEDIÁRIOS, MAS NENHUM DOS DOIS DIVULGOU OS RESULTADOS.
Todos os traders com um compromisso de desmatamento ou conversão zero tomaram medidas para verificar se parte da soja de seus fornecedores diretos é produzida em conformidade com seus compromissos. Mas o monitoramento deve ser realizado regularmente - pelo menos trimestralmente - e os resultados devem ser verificados por terceiros. O monitoramento de fornecedores indiretos também é vital para garantir que a soja seja livre de desmatamento e conversão.
traders se comprometeram a monitorar seus fornecedores indiretos de alguma forma, mas apenas dois se comprometeram a fazer isso anualmente.
se comprometeram a monitorar as fazendas de seus fornecedores indiretos, mas, novamente, apenas dois afirmaram fazer isso anualmente.
monitora efetivamente seus fornecedores indiretos. A implementação é geralmente limitada a um pequeno conjunto de fornecedores indiretos ou escopo geográfico, ou o monitoramento é realizado de forma esporádica.
NENHUM TRADER APOIA SISTEMATICAMENTE A REMEDIAÇÃO DE QUAISQUER DANOS SOCIAIS OU AMBIENTAIS QUE POSSAM TER CAUSADO OU PARA OS QUAIS POSSAM TER CONTRIBUÍDO EM SUAS CADEIAS DE SUPRIMENTO.
Apenas quatro dos traders com compromisso de soja livre de desmatamento e conversão informaram o percentual de sua exposição total à soja estimado como estando em conformidade com seus compromissos. Esses percentuais informados podem ser bastante elevados, chegando, em um dos casos, a 99%.
No entanto, sem uma data de corte clara, se um trader relatar uma baixa taxa anual de desmatamento ou conversão associada às suas cadeias de suprimento, esse resultado pode ser enganoso, pois não há um momento claro e fixo a partir do qual esse percentual esteja sendo calculado.
As metodologias usadas para calcular as taxas de conformidade são frequentemente incorretas (usando médias da indústria em vez de especificações) e, na maioria dos casos, não correspondem aos volumes ou fornecedores verificados como livres de desmatamento ou conversão.
Os traders deveriam empregar verificação por terceiros para fornecer garantia e credibilidade adicionais de que sua soja seja livre de desmatamento ou conversão, mas nenhum deles o faz em todas as suas operações. Nenhum dos traders atingiu 100% de rastreabilidade até a fazenda para todas as regiões de abastecimento.
4 deles para todos os seus volumes
4 deles para parte de seus volumes
1 para todos os seus volumes em conformidade
1 para parte de seus volumes
3 com verificação por terceiros
3 com verificação interna
1 sem verificação
Há uma falta crítica de transparência entre os 22 traders abordados. Embora 13 deles não tenham respondido à pesquisa, dos 9 que responderam, nenhum informou o volume total de soja obtido nem a localização de suas fazendas de origem.
Essa falta de transparência significa que as partes interessadas mais abaixo na cadeia de suprimento são incapazes de verificar as alegações de desmatamento ou conversão zero, ou de identificar ou remediar os danos sociais ou ambientais que possam ter ocorrido. Assim, elas são incapazes de verificar se seus próprios compromissos foram cumpridos.
Os traders mostraram alguns esforços para trabalhar de forma colaborativa a fim de lidar com as questões de sustentabilidade, mas essas iniciativas ainda não produziram a transformação em larga escala tão necessária para a indústria.
Os traders precisam continuar colaborando entre si, com os compradores de soja, com os governos e com a sociedade civil para fortalecer os esforços individuais e coletivos em prol de uma indústria de soja que beneficie as pessoas e a natureza. Criticamente, eles também precisam garantir que tais colaborações tenham exigências explícitas de acabar com todo o desmatamento e conversão de habitats, assim como com as violações de direitos humanos relacionados, nas cadeias de suprimento da soja e além, e que levem a medidas ousadas e impacto mensurável no solo. O restante da indústria não pode progredir a menos que as tradings estejam preparadas para ir mais além e melhorar seus compromissos, implementação, monitoramento, relatórios e esforços de transparência.
TRADERS ENTREVISTADOS PARTICIPAM DE GRUPOS DE TRABALHO PARA COMBATER O DESMATAMENTO E A CONVERSÃO PROVOCADOS PELA SOJA EM BIOMAS ESPECÍFICOS, ENQUANTO APENAS 5 PARTICIPAM DE INICIATIVAS RELACIONADAS DE ADVOCACY EM MERCADOS DE IMPORTAÇÃO.
Em um ano crítico para a ação climática, alguns meses antes da COP26, apenas um dos 22 traders avaliados havia definido uma Meta Baseada em Ciência para reduzir suas emissões em conformidade com as metas do Acordo de Paris. Essa meta não está em conformidade com a limitação do aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, mas a 2°C. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, um aumento de 2°C na temperatura agravaria a condições meteorológicas extremas, o aumento o nível do mar e a diminuição do gelo marinho do Ártico, o branqueamento de corais e a perda de ecossistemas, entre outros impactos. É fundamental que todos os traders estabeleçam metas líquidas zero ambiciosas e baseadas na ciência, em conformidade com um futuro de 1,5°C, cobrindo os escopos 1, 2 e 3.